Era um Vez
Parte II
" (...)Abandonamos tudo e todos, em busca de algo melhor, mas nunca deixando a ideia de que mais tarde vamos voltar.
E voltamos e fazemos grande festa, voltamos em glória.
Com força e coragem para enfrentar tudo o que se aproximar, ou seja, as próximas batalhas.
Mas e quando isso não acontece? "
Continuamos a nossa busca pela floresta.
Esperando o fim da noite, e o nascer do dia. Até lá, qualquer movimento, qualquer som, qualquer cheiro nos atormenta, nos faz querer desistir de algo que não podemos desistir, correr para um sítio seguro. Mas no meio desta floresta é impossível.
E então, continuamos. Dando o ar de forte, esperando que nenhuma bruxa má nos ataque.
Acabamos por ceder ao cansaço e adormecemos a olhar para um céu cheio de lindas estrelas cintilantes.
Acordamos atormentados, pensando onde estamos. E no decorrer acabamos por perceber que já amanheceu, que se ouvem as dezenas de pássaros a cantar, e ao sentir a brisa fresca do ar, acabamos por ganhar a energia perdida nas últimas horas.
Percebendo tudo isto, voltamos a montar no nosso cavalo e estando disposto a acabar o que começamos, vamos sem destino mas com a sensação de que algo vêm aí.
Depois de horas a andar em círculo, perdendo as esperanças anteriormente ganhas, paramos.
Parados a observar a beleza das coisas que nos rodeiam. A beleza da floresta, a beleza dos simples seres que nos observam tão aterrorizados quanto nós.
Paramos para escutar os gritos do silêncio, cortados pelo assobio do vento.
Quando sem esperarmos ouvimos um voz.
Estranhamos, mas depois vamos disparados em busca da fonte sonora. E andamos, corremos até, com a curiosidade de descobrir o que é.
Cada vez mais alto. Cada vez mais perto. Até que chegamos ao lugar pretendido e nos deparamos com o que nos ali levou.
E vemos um(a) príncipe/princesa, sozinho/a, abandonado/a tal como nós.
Dois aventureiros, que se cruzaram nas suas emboscadas. Perdidos ambos, mas sabendo bem onde se encontram.
E algo ali de especial surge. Algo inexplicável, algo que só pode ser sentido, sem palavras, sem gestos, algo simplesmente sentido.
Parados ambos no tempo, encarando-se, deixando a brisa do ar refrescar os seus pensamentos tímidos.
E à medida que o pôr do sol se aproxima, eles também se vão aproximando, e algo ali surge.
Ambos sentados à frente da fogueira, tentado aquecerem-se e pensado ter ganho ambos a mesma batalha.
Mas a guerra não acabou, e estando a noite sobre eles, as sombras voltam novamente a aparecer. As sombras deles e as sombras dos vários olhos postos neles.