Efemeridade
Neste sossego da tarde, aqui estou eu.... Ouço a natureza lá fora, como que a chamar-me, numa canto suave. Os pássaros piam, alegres da sua aparente vida, vivendo apenas por viver.
E aqui estou eu, não porque estou, nem porque não estou, mas sei que estou, porque simplesmente me encontro aqui. Sozinho neste descanso.
Sinto a calma desta tarde como se nada fosse, como se tudo me absorvesse.
E aqui me deixo estar, a preencher o tempo já cheio do vazio. E este vai passando sem que eu dê conta.
E passa porque tem que passar, porque nada o impede, porque nada o detém, porque nada o move. E ele na sua rigidez e frieza vai passando, severo, deixando as suas marcas à sua imponente passagem.
Difícil de compreender e mais difícil é de se explicar algo que não tem que ser entendido, nem tem que ser ao mínimo explicado.
Lá está aquela tentativa insaciável do ser humano tentar encontrar explicação em tudo o que o rodeio, e em tudo o que ele não toca, e pior ainda, explicação para aquilo que não tem existência real.
E assim vivemos a vida, nesta eterna monotonia, comandados pela sua passagem, pois o tempo realmente não para.